1 – Introdução
O setor associativo está estruturado em torno de pessoas comprometidas em servir ao interesse geral, ao progresso e à coesão social, e a maioria de suas atividades é realizada de forma voluntária. Nesse contexto, a capacidade de organização e comunicação representa um verdadeiro desafio para a sustentabilidade das ações de uma associação. As dificuldades são muitas: falta de recursos, falta de experiência e know-how e relutância dos voluntários em gerenciar, para citar apenas algumas[1]. Diante dessa realidade, as questões gerenciais são muitas vezes relegadas a segundo plano em favor de uma organização ineficiente e improvisada. Isso pode comprometer o desenvolvimento da associação. É por isso que essas questões precisam ser tratadas com cuidado, desde o início, para garantir que a associação tenha uma base organizacional sólida.
Este artigo tem a forma de um estudo de caso. A pesquisa se concentra em uma associação sem fins lucrativos criada em 2018. Ela tem cerca de quinze membros que moram na França e no Brasil, cujas habilidades são muito heterogêneas. Desde o início, a associação optou por se estruturar em torno de várias ferramentas digitais. Portanto, estamos usando este estudo de caso para examinar várias questões que foram levantadas desde então. Como organizar as atividades de uma associação cujos membros estão geograficamente dispersos? Quais ferramentas devem ser usadas? Como a estruturação da comunicação pode melhorar a produtividade? Como podemos capitalizar os dados gerados e trocados para manter um olhar crítico sobre nossas próprias ações e incentivar a reflexividade coletiva? Para responder a essas perguntas, usaremos um método etnográfico (observações e arquivos) e estruturaremos o artigo em três etapas.
Primeiro, apresentaremos o Prefigura e suas características específicas. Por um lado, enfatizaremos a complexidade institucional ligada à sua natureza multinacional, a multiplicidade de entidades que a compõem e os projetos que deseja realizar, sua ambição de crescimento e seu imperativo de governança democrática. Em segundo lugar, analisaremos a dispersão geográfica de seus membros, a heterogeneidade de suas habilidades e os diferentes graus de envolvimento.
Em seguida, explicaremos como a associação se organizou em torno do uso de ferramentas que atendem a três necessidades principais: comunicação entre os membros, planejamento de tarefas e compartilhamento de arquivos de computador. Dentre as muitas ferramentas disponíveis no mercado, explicaremos os critérios que nos levaram a escolher a tríade composta por : Redmine, Zulip e Nextcloud.
Por fim, apresentaremos e analisaremos os dados do uso do Zulip. Isso nos permitirá explicar alguns dos benefícios de uma infraestrutura digital bem planejada, em termos de compreensão da atividade e do gerenciamento da associação. E tentaremos mostrar que a reflexividade crítica possibilitada pelos rastros digitais nos permite reorientar continuamente os processos em andamento e melhorar a organização associativa com vistas a uma maior autonomia, eficiência e resiliência.
Ler o artigo integral (em francês) no site Cairn.